A saúde dos nossos amados pets é uma prioridade em nossas vidas. Porém, assim como nós, eles também podem enfrentar desafios de saúde, incluindo doenças crônicas. Uma condição comum é a Doença Inflamatória Intestinal (DII). Dados recentes apontam que a DII é uma das condições gastrointestinais mais comuns em cães e gatos, afetando animais de todas as idades e raças. Neste artigo, exploraremos causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos para a Doença Inflamatória Intestinal em pets, bem como algumas medidas para garantir o bem-estar dos nossos amigos de quatro patas.
Causas da Doença Inflamatória Intestinal em cães e gatos
As causas da DII ainda não são completamente conhecidas. No entanto, acredita-se na hipótese de que alguns fatores podem ser apontados como predisponentes. Entre eles, bactérias, parasitas, dietas, fatores genéticos, estresse e a desregulação da resposta imune à microbiota intestinal. A doença pode afetar cães de todas as idades, especialmente animais de meia-idade. Além disso, sabe-se que algumas raças possuem maior predisposição para essa doença, incluindo Pastor Alemão, Buldogue Francês, Boxer, Yorkshire Terrier, Sharpei e Basenji.
Sintomas da Doença Inflamatória Intestinal em Pets
Normalmente, os sintomas da doença inflamatória intestinal em pets ocorrem de forma intermitente. No entanto, com a sua evolução, vão se tornando cada vez mais frequentes, o que leva o tutor a procurar atendimento veterinário. Entre os principais sintomas estão:
- Apatia
- Vômitos
- Diarreia aquosa ou com sangue
- Inchaço e dor abdominal
- Perda de apetite
- Perda de peso
Geralmente, ocorre inflamação difusa que acaba por afetar tanto o intestino grosso, como o intestino delgado do animal. Porém, existem casos em que apenas uma das partes é acometida. O aparecimento de fezes moles e aquosas caracterizam o acometimento do intestino delgado, já fezes moles e viscosas são características de acometimento do intestino grosso. A presença de sangue no vômito e na diarreia indica algum grau de gravidade e normalmente está associada a infiltrados eosinofílicos ou a ulceração/erosão gastrointestinais.
É importante ressaltar que esses sinais clínicos podem indicar outras doenças. Por isso, é essencial que o tutor leve seu animal para uma consulta com um médico veterinário gastroenterologista assim que perceber algum desses sinais.
Diagnóstico clínico e laboratorial da DII
O primeiro passo para diagnosticar a DII é identificar os sintomas crônicos com uma boa anamnese, já que o diagnóstico da DII é de exclusão (elimina-se outras doenças que tenham sintomas semelhantes). O veterinário também pode solicitar uma série de exames de imagem, de sangue e de fezes que auxiliarão a avaliar a saúde do pet de uma forma geral. E, por fim, para o diagnóstico definitivo, faz-se a análise histológica da inflamação, que pode ser por endoscopia digestiva ou laparotomia exploratória, a depender das características da inflamação.
Tratamento da Doença Inflamatória Intestinal em Pets
A dieta é um componente fundamental no tratamento da DII em pets. Há casos em que apenas o ajuste da dieta pode levar a uma completa ou parcial remissão dos sintomas, aproximadamente 65% dos pacientes respondem bem a uma dieta adequada. Por outro lado, nos casos mais graves, somente a alteração da dieta dificilmente tem sucesso, sendo necessária sua combinação com medicamentos simbióticos, imunossupressores e imunomoduladores.
O tutor também é parte fundamental no tratamento da DII, pois deve manter o tratamento e a dieta prescrita rigorosamente, incluindo não ofertar ”recompensas”, e fazer acompanhamentos periódicos com o médico veterinário gastroenterologista, para monitorar os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, e ajustar a terapia conforme necessário.
Porém, é preciso estar ciente de que, por se tratar de uma doença crônica, que não tem cura, o objetivo do tratamento é controlar os sintomas e evitar recorrências, proporcionando maior qualidade de vida ao pet. Ainda assim, o tratamento varia de acordo com a experiência e preferência de cada médico veterinário, sempre levando em consideração a eficiência da remissão dos sintomas clínicos, dos efeitos colaterais dos medicamentos e a aceitação do paciente.
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Revisão:
Dra. Carla Novelli
Cirurgiã Geral e Gastroenterologista
CRMV-RS:12285
