“A saúde começa pela boca” é um ditado que ecoa tanto para humanos quanto para nossos amigos de quatro patas. No entanto, na busca contínua por assegurar o bem-estar dos pets, a atenção à saúde oral muitas vezes é deixada de lado. Porém, a doença periodontal, uma condição comum em cães e gatos, pode ter consequências graves para a saúde geral dos pets. Desse modo, neste artigo, exploraremos a importância do exame oral em pets, os diferentes graus da doença periodontal, seus sintomas, métodos de detecção e os tratamentos disponíveis. Prepare-se para aprender como cuidar da boca do seu melhor amigo!
Prevenção da Doença Periodontal: um passo crucial
Primeiramente, comecemos compreendendo a importância da prevenção da doença periodontal em nossos pets. A saúde oral adequada não é apenas uma questão estética, mas sim um fator vital para a saúde geral do animal.
A doença periodontal é causada pelo acúmulo de bactérias na cavidade oral que, quando instaladas, levam à formação de placa bacteriana. Posteriormente, a placa bacteriana pode evoluir para formação de tártaro nos dentes, quadro que leva à inflamação das gengivas e potencialmente à perda dos dentes. Além disso, dependendo do grau, a inflamação provocada pelas bactérias na boca pode se espalhar pelo sangue para os outros sistemas do organismo, afetando órgãos como coração, fígado e rins. Ademais, pode agravar doenças já existentes, como diabetes, pneumonias e miocardites. No entanto, tudo pode ser evitado com a profilaxia odontológica adequada.
Graus da Doença Periodontal: identificando a gravidade
A saber, a doença periodontal é classificada em quatro graus, variando de leve a grave:
1. Grau 1:
Embora possa ser considerado normal por muitos tutores, o mau hálito pode ser sinal de doença periodontal. Por isso, observe se há também sinais de gengivite, como vermelhidão e inflamação leves das gengivas.
2. Grau 2:
Ao passo que a gengivite piora e o tártaro começa a se acumular nos dentes, o mau hálito pode se tornar mais evidente. Além disso, há leve retração da gengiva.
3. Grau 3:
Como resultado dos sinais identificados no grau 3, se nada for feito, a doença periodontal se torna moderadamente avançada, com inflamação das gengivas. Assim, o tártaro poderá estar mais acentuado e há sinais de perda óssea, com início de mobilidade nos dentes.
4. Grau 4:
Por certo, este é o estágio mais grave e envolve perda óssea significativa, prejudicando a sustentação dos dentes e retração grave de tecido gengival. Ademais, pode haver perda dentária, dor, sangramento e desconforto.
Sintomas a observar no exame oral em pets
Com toda a certeza, identificar os sintomas da doença periodontal é crucial para um diagnóstico precoce. Por isso, ao realizar o exame oral em pets em casa, observe os seguintes sinais clínicos:
• Mau hálito;
• Gengivas avermelhadas ou inflamadas;
• Mudanças de comportamento, como irritabilidade e incômodo na boca (passar a pata, esfregar a face, tremores de boca);
• Perda de peso;
• Dificuldade para se alimentar;
• Salivação;
• Sangramento espontâneo da gengiva;
• Perda dos dentes permanentes.
Realizando o exame oral em pets em casa
Inegavelmente, examinar a cavidade oral em pets com frequência é extremamente importante para manter a qualidade de vida dos cães e gatos. E este cuidado pode começar em casa!
Primeiramente, a inspeção pode começar sem mesmo tocar na boca do animal, apenas sentindo o seu hálito. Afinal, a halitose é o primeiro sinal da presença de placa bacteriana! Assim, quando o odor estiver mais acentuado, pode ser sinal de que há mais alterações na boca. Além disso, vale a pena também considerar o histórico do pet, se ele já apresentou lesões anteriores, o que ele come, seus hábitos diários e se possui doenças concomitantes. Isso ajudará a direcionar o exame oral.
Na segunda etapa, sem a necessidade de abrir totalmente a boca do animal, apenas afaste os lábios superiores e inferiores. Dessa maneira, de forma discreta, é possível observar a coloração e aspecto das mucosas e gengiva, a quantidade de dentes e se apresentam alterações (como mudança na coloração e formato/tamanho).
Na terceira etapa do exame oral em pets, será necessário abrir a boca do animal para verificação da parte interna dos dentes, da língua e do fundo da cavidade oral. Antes de mais nada, neste momento, certifique-se de que o pet está tranquilo e de que não corre o risco de morder. No entanto, em caso contrário, recomendamos que procure a ajuda de veterinários para a realização desta etapa.
Nesse sentido, durante as etapas do exame oral em pets, devemos ficar atentos a qualquer tipo de anormalidade. Algumas alterações são simples de serem reconhecidas, como perdas ou fraturas dentárias e sangramentos. Além destas, a coloração das mucosas, possíveis alterações na gengiva, acúmulo de placas bacterianas e tártaro também são alterações fáceis de identificar.
Detecção da Doença Periodontal
A detecção precoce da doença periodontal pode evitar complicações graves. No entanto, é difícil para os tutores detectarem os estágios iniciais. É aqui que entra a importância do exame oral em pets realizado por um Médico Veterinário especializado em odontologia. Esses profissionais têm conhecimento aprofundado sobre a saúde oral dos pets e estão equipados para realizar exames detalhados. Além disso, podem solicitar exames complementares para fechar o diagnóstico de forma precisa e recomendar o tratamento adequado.
O acompanhamento odontológico regular desde filhote é muito importante para a saúde do pet. Através dele, o médico veterinário pode avaliar a saúde oral e identificar problemas de forma precoce, nos estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz. Além disso, também permite acompanhar a saúde oral do seu amigo de forma preventiva.
Tratamentos de acordo com o grau da doença periodontal:
1. Grau 1 e 2:
A limpeza profissional dos dentes sob anestesia é geralmente suficiente para tratar esses estágios iniciais da doença periodontal em cães e gatos.
2. Grau 3 e 4:
Por outro lado, nos graus 3 e 4, a doença periodontal requer tratamentos mais invasivos, além da limpeza profissional. Assim, podem ser necessárias extrações dentárias para aliviar a dor e a infecção.
Entretanto, é importante ressaltar que, independente do grau da doença periodontal, todo tratamento odontológico exige a realização de radiografias intraorais. Realizadas durante o procedimento, permitem identificar e diagnosticar lesões dentárias não visíveis no exame oral em pets. Assim, com este recurso, o veterinário pode determinar a necessidade de extração dentária a fim de evitar lesões mais graves, infecções e dor.
Em suma, cuidar da saúde oral do seu animal de estimação é essencial para garantir uma vida longa e saudável. A doença periodontal pode ser evitada com exames orais regulares, detecção precoce e tratamento adequado. Assim, a escovação dos dentes do pet deve ser iniciada desde a primeira fase da vida, e sempre será a melhor forma de prevenção.
Ao priorizar a saúde oral do animal, você está investindo em sua qualidade de vida e bem-estar geral. Dessa forma, mantenha um diálogo aberto com seu veterinário e esteja atento aos sinais de problemas quando realizar o exame oral em pets. Lembre-se de que prevenir é sempre a melhor abordagem para um cuidado a longo prazo da saúde oral do seu amigo!
Texto revisado por Josyelle Neves (CRMV: 16420), Médica Veterinária Especializada em Odontologia.